Wednesday, August 22, 2007

[Verdade sincera]



É complicado ser sincero. Ser sincero demais está me obrigando a revelar certos segredos a pessoas com as quais eu convivo. Não que confessar-me seja ruim, de forma alguma, a única coisa de ruim é a angustia de viver escondendo coisas. Mas reflito: será que todo mundo se descobre e se expõe tal como é a todo mundo? Ou será que todos são capazes de jurar que não escondem nada? Eu descreio. Sempre há algo que se esconde. Sempre há alguma mancha no passado que preferimos tentar esquecê-la, sempre há algum defeito que preferimos maquiar.


Mas qual é o limite entre os que merecem saber a verdade e os que não merecem? Aonde essa linha fica nunca foi-me revelada. É fato que níveis maiores de amizade exigem cumplicidades maiores, mas quando é que essa cumplicidade passa a ser fator primordial? Quando ela passa a obrigar que revelemos segredos intimos?


Além disso, é dificílimo dizer aos outros aquilo que não costumamos dizer nem a nós mesmo. Afinal, boa parte de nossos segredos estão sepultados na égide da nossa memória e por lá ficam até que alguém os remexa. E exumar uma memória não é nada agradável. É empoeirado, tem ratos e baratas, além de aranhas e escorpiões.


Mas seremos sinceros. Seremos quando acharmos que devemos ser. Não me venham com o famoso clichê (redundância?): "Ser sincero sempre". Impossível. Ninguém é e nem desejo que sejam. mas na verdade o que eu desejo já é assunto para outro post.


Thursday, July 12, 2007

[Sentimentos]


Há tempo que eu só tenho colocado textos mais artísticos por aqui. Hoje eu vou voltar àquela série de textos crônicos. Fazem-me bem e não têm contra indicação.

Bem dialoguemos sobre os relacionamentos humanos. Sim, eles são complicados, e ninguém será capaz de provar-me o contrário. Relacionamentos em geral: amizade, paixão, amor, família.



Comecemos pela amizade. Eita sentimento estranho esse. Sim, estranho mesmo. São duas pessoas que se amam (não estranhem) mas não desejam o corpo alheio, não sentem ânsia em beijos e amassos. Amigos são dois seres que se gostam e se entendem. Se completam e complementam. Amigos são aqueles com os quais você fica horas e horas conversando e ainda assim reclama que passou muito rápido quando precisa ir embora.
Amizade é aquele sentimento que te sustenta, que te faz eternamente lembrar que existem pessoas preocupadas contigo. Reciprocamente, amigos te deixam extremamente preocupado. Quando um amigo começa a agir estranho, quando fica ausente ou qualquer problema de saúde que possa acontecer, uma coisa é fato: Lá se vão algumas noites de sono tranquilo.
Terminar um amizade é o mesmo que acabar com um namoro. É doloroso, ambos sofrem e as memórias permanecem.
Ter um amigo é a certeza de que alguém está perto de ti mesmo estando a quilômetros e quilômetros de distância. É ter alguém com o qual pode chorar as mágoas, festejar as alegrias, pedir conselhos, receber ajuda (e ajudar). Enfim, é alguém que sempre estará ao teu lado. Amigos são irmãos separados na hora do nascimento.
Mas não te engane, leitor. Ninguém consegue ter muitos amigos. Quem diz ter amigos demais um dia acaba por descobrir que a maioria eram míseros colegas.

Seguindo a ordem, chegou a hora da tão exasperada paixão. Ei-a! Maldoso sentimento carnívoro e frugívoro. Esse é o sentimento mais arrebatador que existe. Ele é aquele que te faz sair correndo, que te faz largar tudo que esteja fazendo e correr ao encontro do outro ser. É sentir carne contra carne, suor no corpo e respiração alfegante. É olhar nos olhos como quem diz ‘quero-te’. A paixão, no entanto, tem uma particularidade: ela acaba logo. Eu teimo com qualquer um que venha me dizer que paixão éum sentimento duradoudo. Não é. Paixão é o instinto humano de sexo. É querer sexo e nada mais.
Paixão é sentir as veias pulsarem de sangue, os músculos agitarem-se e os nerônios ferverem. É uma explosão hormonal, nem sempre concretizada, mas sempre idealizada. Ora pois, quem nunca fantasiou fantasias (pleonasmo?) sexuais que atire a primeira pedra.

Vamos ferrar com tudo agora. É o amor. Esse é o imperador, o maioral, o equivocado dono de tudo. Amor é complexo. Já falei sobre amizade, que é amor, paixão, que é amor, e estou a falar do amor, que é amor. Amor é gostar, e querer, é manter. Amor é suspirar, é chorar, é sentir falta. Amor é fingir odiar, é pretender gostar. Amor é preocupar-se, lembrar-se, nunca esquecer. Amor doi, fere, machuca, corroi, dilacera, oxida. Amor sangra e amor cura, amor corta e amor coagula; amor oxida e amor reduz; amor eletriza e amor descarrega; amor é antíteses e amor é paradoxo. A minha verdade é que em certos momentos da vida, o amor é a pior pedida. O amor te onera tempo e energia e algumas vezes isso é tudo o que você não tem para fornecer. Perceber isso é fundamental. Mas cada um sabe de si.


E por fim, chega a família. Confraternização de genes. Família perdeu o sentido original, ou seja, família deixou de ser ‘grupo de parentes’. Família são pessoas que estão contigo e que permanecerão haja o que houver. Família é que te suporta e te apóia. Por vezes, família é aquele grupo de parentes mesmo. Mas isso nem sempre acontece. Mas família não se resume a parentes. Um grupo de amigos constitui uma família. Amigos de verdade são tão intensos que são como se os cariótipos fossem semelhantes, como se tivessem nascidos juntos e fossem destinado para tal.
Família são aqueles que te levantam quando você caí e te bentratam quando se machuca. Família são os que acreditam em você e entendem-te. Mas são também os que te dão o soco quando necessário.

Acho que é só isso. Ame, transe, apaixone-se, desapaixone-se, sinta sem pudor. Perca o medo e a vergonha. Dispa-se da sociedade e faça aquilo que mais bem quiser. Vá onde der vontade (e aonde todo mundo vai), faça o que é legal (e não o que é modinha).

Fui-me.

Wednesday, June 27, 2007

[Gozo]




Eram nada mais do que dois corpos ardentes e apaixonados. O calor fugás, o suor tépido e o riso cálido entorpecia qualquer um que por perto passasse. A fuga, a fuga evasiva nada mais era do que uma farsa. Sair daqueles braços seria uma morte lenta, desistir não era cabível.

O sabor, o aroma, a textura. O corpo como um todo e não como parte. O riso como um rio de margens largas e grande curso, o rosto como o cativar que te tornas responsável, o ser como um deus.

Um misto de angústia e vontade, de sentir-se preso e querer libertar-se, de unir-se e não mais separar. Dois corpos cuja sintonia conjunta entrelaça-se e difrata-se pelo eu. Encontrando e esmoecendo. Corpos. União.

A surpresa e o encanto arrebatador sufocam as atividades pueris. Interrogar e sempre: o prazer de minha carne não é de outra senão de minha. E não sou outro que não tu.

Tuesday, June 19, 2007

[Queísmo]








Que a vida seja o começo de toda a desaventurança humana.
Que o amor seja o fim de toda a banal existência individual.
Que a paixão seja a interpérie de todo o momento extasiante.
Que o pensar seja a desenvoltura de toda a obra humana.
Que o questionar seja o fato primordial de todo real ser humano.
Que o aprender seja a vivência essencial de toda alma.
Que a amizade seja o motor perpétuo familiar.
Que o tempo seja o coadjuvante mas nunca o principal.

Que o problema seja sempre parte da solução.
Que a morte nunca seja o escape.
Que a solidão seja eternamente temporária.
Que a arte seja eterna expressão.
Que o corpo seja sempre o melhor instrumento humano.
Que o sexo não seja posto em pedestal.


Que o viver seja sempre o nosso próprio.
Que o sussurro seja sempre o comunicar dos amantes.
Que o beijo seja a melhor comunicação entre os apaixonados.
Que o olhar seja infinitamente mais importante que a palavra.
Que o preconceito seja abolido.
Que a voz seja ouvida.
Que o fantasma da nossa existência não caia no esquecimento.
Que o lugar mais meu seja eternamente meu.


Que o significado seja próprio.
Que a mulher seja sempre feminina.
Que o homem seja sempre protetor.
Que o susto nunca seja assustador.
Que o acidente seja sempre pressuposto.
Que o suicídio seja sempre acidental.
Que a morte seja possivelmente ocasional.

Wednesday, June 13, 2007

[Crescer]




Tenho que ir. Já faz hora.
Já faz hora de acordar sozinho
de aprender a comer.
Já são horas de brincar de coisa séria
e não entristecer por idiotices.

Está no tempo de aprender a ser gente
e não mais um mísero agente.
Deixar de ser uma voz passiva e passar a ser
ativa.


Vezes de apaixonar-se
sem ser Édipo.
De gostar-se
sem ser Narciso
De vencer
sem ser Aquiles.


O tempo passa...
Veja! Passou.
Nem vi. Foi.

Thursday, June 7, 2007

[Finalmente]





Com o tempo a gente começa a aprender certas coisas que antes não sabiamos. E vamos aprendendo, aprendendo e aprendendo numa freqüência que parece não ter fim. Mas eu tenho a impressão que de tempos em tempos temos flashs que em poucos segundos nos fazem entender coisas que estivemos remoendo por tempos. É num pequeníssimo segundo que recobramos a consciência, é num espaço infinitesimal que acordamos e nos damos conta de nós mesmos, nossa posição, do que acertamos, erramos e aprendemos.


Cresci. Sei que cresci. Aliás, crescer é algo que crianças fazem. Já não era mais criança, portanto, amadureci. É fato: o mundo ficou mais feio, mas ao mesmo tempo mais vivível.



Os sonhos de criança se desenvolveram. É algo simples: Antes, estava dirigindo um carro numa manhã com neblina. Dirigia devagar, nunca ultrapassava os 40km/h, e tudo a minha frente estava enevoado, obnublado, difícil de ver; a viagem era mais fácil, mas eu sempre estava inseguro. Hoje, toda a neblina passou e posso ver a estrada. Minha velocidade é sem limite, mas ainda permaneço na casa dos 120km/h, mas é tudo muito claro e eu posso ver que o caminho a minha frente é mais tortuoso do que eu achei que fosse. E com toda essa velocidade, a viagem acaba sendo mais perigosa, mas finalmente tenho mais segurança em mim mesmo.


É impossível não crescer, é impossível não perder a fragilidade infantil, a inocêcia pueril. Estou perdendo o medo que tinha quando era criança: o escuro não me assombra mais, relâmpagos não me assustam.


Meu conceito de amor está mudado. Amizade se transformou em algo totalmente diferente (mas os amigos de ontem, continuam sendo o de hoje). O sexo desceu do pedestal, o palco abriu as cortinas e o espetáculo finalmente iniciou. Acabaram-se os ensaios, foi o fim dos erros banais.
Mas nem todos os meu redor fizeram o mesmo. Mas são apenas crianças, e não deve a mim o dever de ensiná-los. Caro amigo que lê isso: não se ensina como amadurecer, mas pode-se fazer isso da melhor ou da pior maneira – escolha a sua. Estou me abstendo de várias coisas, de várias pessoas, confesso. De muitos isolado, de outros irritado, e da maioria, cansado, fatigado.


E estou confiante. É mais reconfortante quando se pode olhar para frente e dizer tudo o que planeja fazer e perceber os caminhos necessários a isso. Eu vinha estando ‘aéreo’ por alguns dias, mas agora entendi o porquê. Foi melhor assim. Agora entendo. Agora vejo.


Sei que esse texto não vai ser entendido por muitos (isso se houver alguém que possa entendê-lo além de mim). Mas é assim que é. É assim.



Tuesday, June 5, 2007

[...]



Sempre o mesmo
sempre o peso
sempre o caso
sempre o fato
sempre o choro
sempre o mesmo.

Nunca o contra-ponto
nunca o fogo
nunca o coro
nunca o mesmo espaço
nunca o gajo
nunca eu mesmo

O flexível
o maleável
o (in)substituível
o tangível
o compreensível
o eu mesmo.

Tese, antítese, síntese: Eu.


Murilo Reis

14/03/2007

23h21min

Friday, June 1, 2007

Blue


Bem, eu prometi que ia colocar um post. Certo que o fiz e ele está guardado. Mas hoje resolvi postar outro, algo que eu fiz, um pouco mais antigo, mas voltei a me sentir assim.


********************************************************


Então você nunca esteve blue

Sou a escória. Sou a escória do meu mundo, um lugar onde só vivo eu.
Sofro por não ter aquilo que nunca tive e por não ser aquilo que nunca fui.
Pobre desilusão minha;
Leviano ao pensar que algum dia poderei ser algo dos quais pensei.
Mais parece-me um fardo a ser carregado, mais parece-me uma vida inteiraque será composta e decomposta em mim.
Corro sem ter destino e tenho corrido e tenho fugido e não tenho chegado à lugar algum.
Meu norte converge ao sul, meu sorriso converge à tristeza.
Nunca fui fidedignamente alguém. Sou apenas esboços, sou apenas cópias.
Copio em mim o que me faz cair de amores no outro.
E o outro continua a ser outro. Nunca será o mesmo, nem a mesma; imagem.
Escrevo-me como uma melodia. Desarmonica, descompassada, desajustada.
E obrigue-me, obrigue-me a mudar. Force-me, estrangule-me.
Dê-me bofetões à cara.
Mas nunca mais deixe-me fantasiar corpos. Nunca mais faça-me teu.
Odeio não ter controle sobre mim. Sou marionete, sou marionete nas vossas mãos.
Mas com a tristeza de uma criança, meus cordões comecei a cortá-los.
Dilaceram-me a carne, sufocam-me em corpo.
Quebro meus juramentos. Mas perdoe-me, inocente-me. Com ligeira precisão voltar-me-ei ao curso que jurei tomar.
Que todos sofram, em verdade desejo, que todos sofram. Moderadamente.
Estou preso a um ser, bloqueado por um eu inexistente.
E a dor dilacera. E continua a dilacerar.
É carne clamando por carne. É o superficial.
É reles, incompleto.
Até mesmo o prazer momentâneo torna-se. E mais uma vez superficial.
Cantam-me loas, sem ao menos saber a quem dirigem-se.
E proibem-me de sangrar. Por isso, em segredo, tenho hemorragias diárias.
Tenho revertérios e tenho dilacerações. Em segredo.Drogo-me de mim mesmo. Sou droga, sou veneno. Mas só mato a mim.
Como gostaria de parar de envenenar-me, mas inconcientemente, não consigo.
Mato-me aos poucos. A cada dia tenho um dia a menos.
Será o orgulho da mocidade ou a tristeza da velhice? Não sei.
Como também não sei até onde meu nervos suportam.
Mas até onde puder seguir, seguirei.
E quem sabe, algum dia em minha impróspera vida, eu venha a descobrir onde eu me escondo.

Murilo Reis21/03/2007 23h08min

Monday, May 7, 2007

The return





Olhe... E eu que achava que tudo isso ia acabar com meus dezesseis, no máximo dezessete anos. Já estou beirando meus dezenove e pelo visto nada de acabar.
É sentir-se o estranho. É sentir todo mundo olhando para você culpando-o por algum crime que você nunca cometeu, por algum pecado que nunca pensou em fazer. É um tal de culpar-te por algo que não existe. É uma coisa de olhar-te como se fosse o primeiro exemplar de uma raça alienígena totalmente nova e desconhecida.

Vivo rodeado assim. Talvez seja um pouco de paranóia minha, talvez seja eu sempre querendo um pouco de atenção, mas creio piamente que sempre tem alguém me apontando no meio da rua e falando para a criança que passa ao lado: “Olhe! É ele. Credo, que esquisito”. Sempre tem algum burburinho atrás de mim que quando resolvo conferir ele cessa imediatamente. Sempre fiquei intrigado com isso.

Infelizmente isso tem partido para ‘panos limpos’ atualmente. Não têm mais falado de mim pelas costas, mas sim em frente, praticamente em nu frontal. E ficar nú na frente de absolutos desconhecidos me constrange.

Eu gostaria de simplesmente gritar e mandar todos irem pastarem no mesmo pasto que as mães deles pastam, mas eu só faço isso em pensamento. Sou covarde, sou loser. Faço em pensamento, álias, em pensamento chingo tudo e todos, critico todos e tenho planos mirabolantes – acho que eu assistia muito ‘o fantástico mundo de bobby’ quando criança.

E quando o burburinho cessa, eu gostaria, juro que gostaria, de na verdade saber sobre o que de mim falavam. Ao menos para ter noção qual é minha bizarrice davez, qual foi minha cagada tri-homérica dessa vez. Creiam: sempre tem algo de errado comigo. SEMPRE. Parece praga, mandinga barata comprada no camelô; mas sempre tem.

Meus amigos as vezes me contam o que é (obrigado, Diego). Nahora dáuma puta vontade de sair correndo, ou de encontrar com quem falou de mim no meio da rua só para chamar os amiguinhos ‘lutadores’ que todos temos (sabe-se lá quando será necessário) e simplesmente apontar e dizer: “É aquele”. E ficar lá atrás, só rindo vendo o *&%$#@ se ferrando e sendo quebrado! Eu sei que força bruta é algo tão primata, muito selvagem, mas dá um puta prazer ver o infeliz todo quebrado, rebentado por aí... Ah, como dá.

Mas vingança existe. Sim EXISTE. E não ficará barato. Foi-se, ao menos, o tempo em que eu deixava tudo barato (Eu já fui mais loser ainda... u.u). Hoje em dia, digamos que meu nível de malvadeza têm aumentado em progressão geométrica. Vertiginosamente (Que advérbio foda! *.*).

Além da vingança momentânea, óbvio, terá uma outra, a longo prazo. Mas a outra será para eu reencontrar cada infeliz pessoa daqui há aproximadamente uns dez anos. Quero olhar para os indivíduos de cima até embaixo e fazer aquela cara blasè: “Você é só isso?”. Claro que desejo fazer isso. Fazem isso comigo hoje em dia. Por que não haveria eu de fazer? Chega, That’s enough.

É... E pelo jeito isso ainda vai conitnuar por um tempo. Talvez eu predestine esse tempo até. É... Meus amigos entenderam essa frase. Minha fase tem data de validade. E tomara que a data esteja certa...
Mas apesar de toda a raiva que eu tenho sentido agora, por atualmente, existe toda uma carga de ‘bulling’ presa aqui dentro. O de sempre ser o esquisito e de nunca ter sabido como lidar com isso. Nunca, absolutamente nunca eu soube como lidar. Eu nunca fui muito bom em resolver meus conflitos.

As vezes achoq eu é um pouco de inveja. Nãos ou um cara foda, mas tenho alguns atributos que talvez tenham inveja por isso. Mas eu não creio que eu seja tanto assim, que eu me ‘dê ao luxo’ de ter invejosos. Afinal, ainda sou um mísero merda, mas material orgânico em transformação! :D

É, acho que é isso. Fazia tempo que eu não escrevia dessa forma por aqui. Mas deu vontade. E acho que nunca fiz um post tão informal assim. É, ficou bom, mas de vez em quando eu volto para o formal, tá?!

Bem, se aceitam uma sugestão de música lá vai: The devlins – Waiting
Retirada do primeiro episódio de uma série que acabo de começar a assistir: Six feet under. Gostei Muito. Vale a pena.

Até o próximo.

Thursday, May 3, 2007

Fotográfico

Desta vez farei um post diferente.

Fiquei um longe tempo sem postar pensando em algo que gostaria de colocar aqui.

Cheguei à conclusão: Esse será um post fotográfico. Conterão algumas várias fotos e apenas uma única palavra de legenda sob cada foto.
Escreverei o que penso da foto, a primeira palavra que me vier à mente.




Dentro.



Liberdade.



Vida.



Fim



Vontade



Indisponível.



Vida



Meta



Exacto.



Futuro.



2015

Wednesday, April 18, 2007

[Untitled]






I have been walking in this long road
since I was born into myself.
Every each sun, I look to horizon
waiting to find anything but the sea.
There's some phrase, and sometimes I do not remember its,
that makes me realize:
Maybe a girl... Perhaps a woman.
Maybe I was too much selfish
but things was happening inside me
and I keep on making things that will never help me.
I never lied to others, I lie just for me.
Lying, I remain down, never missing my sadness.
Downcast I am. I know it.
I still walking, sometimes on the walkway.
Forgive me, fellow.
My life does not belongs to you.
21/06/06


[Maus tempos em que estive apaixonado. E como de se esperar, nada mais do que um falso encantamento pueril. Para um amigo ver que já senti como é. Sei como é. E não gosto de como é.]

DROP





Nothing seems to be enough.
I live but I have no life
I love but I have no love
I cry but I have no cry.
At least, no one pretends to be me.
Who would be so insane to pretend
to be as weird as I am?
As long as the day arrives,
My life seems to be erased, piece to piece,
page to page, word to word, memory to memory.
And my life goes by
from me.

Thursday, March 29, 2007

My heroin




Procuro por meu ópio, minha morfina, heroína.
Procuro por minha droga, meu acalanto da alma.
Nada me distrai, nada me entretem, nada me prende a atenção por muito tempo.
Mutável,
não encontro em corpo algum a brisa que aguardo.
Nenhum ópio, nenhuma morfina, heroína.

Tuesday, March 27, 2007

Shadow





Então você nunca esteve blue


Sou a escória. Sou a escória do meu mundo, um lugar onde só vivo eu.
Sofro por não ter aquilo que nunca tive e por não ser aquilo que nunca fui.
Pobre desilusão minha;
Leviano ao pensar que algum dia poderei ser algo dos quais pensei.
Mais parece-me um fardo a ser carregado, mais parece-me uma vida inteira
que será composta e decomposta em mim.
Corro sem ter destino e tenho corrido e tenho fugido e não tenho chegado à lugar algum.
Meu norte converge ao sul, meu sorriso converge à tristeza.
Nunca fui fidedignamente alguém. Sou apenas esboços, sou apenas cópias.
Copio em mim o que me faz cair de amores no outro.
E o outro continua a ser outro. Nunca será o mesmo, nem a mesma; imagem.
Escrevo-me como uma melodia. Desarmonica, descompassada, desajustada.
E obrigue-me, obrigue-me a mudar. Force-me, estrangule-me.
Dê-me bofetões à cara.
Mas nunca mais deixe-me fantasiar corpos. Nunca mais faça-me teu.
Odeio não ter comprole sobre mim. Sou marionete, sou marionete nas vossas mãos.
Mas com a tristeza de uma criança, meus cordões comecei a cortá-los.
Dilaceram-me a carne, sufocam-me em corpo.
Quebro meus juramentos. Mas perdoe-me, inocente-me.
Com ligeira precisão voltar-me-ei ao curso que jurei tomar.
Que todos sofram, em verdade desejo, que todos sofram. Moderadamente.
Estou preso a um ser, bloqueado por um eu inexistente.
E a dor dilacera. E continua a dilacerar.
É carne clamando por carne. É o superficial.
É reles, incompleto.
Até mesmo o prazer momentâneo torna-se. E mais uma vez superficial.
Cantam-me loas, sem ao menos saber a quem dirigem-se.
E proibem-me de sangrar. Por isso, em segredo,
tenho hemorragias diárias.
Tenho revertérios e tenho dilacerações. Em segredo.
Drogo-me de mim mesmo. Sou droga, sou veneno. Mas só mato a mim.
Como gostaria de parar de envenenar-me, mas inconcientemente, não consigo.
Mato-me aos poucos. A cada dia tenho um dia a menos.
Será o orgulho da mocidade ou a tristeza da velhice? Não sei.
Como também não sei até onde meu nervos suportam.
Mas até onde puder seguir, seguirei.
E quem sabe, algum dia em minha impróspera vida, eu venha a descobrir onde eu me escondo.

Murilo Reis
21/03/2007 23h08min

Tuesday, March 13, 2007

Minha loucura da alma - Parte II


FEIST - MUSHABOOM

Helping the kids out of their coats
But wait the babies haven't been born oh oh oh
Unpackingthe bags and setting up
And planting lilacs and buttercups oh oh oh

But in the meantime I've got it hard
Second floor living without a yard
It may be years until the day
My dreams will match up with my pay

Old dirt road (mushaboom)
Knee deep snow (mushaboom)
Watching the fire as we grow (mushaboom)
Old

I want a man to stick it out
And make a home from a rented house oh oh oh
And we'll collect the moments one by one
I guess that's how the future's done oh oh oh

How many acres how much light
Tucked in the woods and out of sight
Talk to the neighbours and tip my cap
On a little road barely on the map

Old dirt road (mushaboom)
Knee deep snow (mushaboom)
Watching the fire as we grow (mushaboom)
Old
Old dirt road
Rambling rose (mushaboom)
Watching the fire as we grow (mushaboom)
Well I'm sold ...


************************************************************

Está bem, isso não aqui não é uma farra carnavalesca, tampouco um baile funk, mas vai ser por aqui que eu vou falar algumas coisas MINHAS. Tudo bem se alguém mais sentir o mesmo, mas por hora são minhas.
Vai ser um turbilhão.


************************************************************

Tem dias que eu acordo com vontade de conversar. Conversar sobre qualquer coisa, apenas conversar. Ficar com alguém só conversando, conversando, conversando... Sim, eu sei que isso contrária toda a minha lógica de ser um cara calado, uma pessoa reservada; mas conversar com um amigo definitivamente me cai bem.
Sinto falta de um amigo ao lado justamente nas horas em que não posso ter. Queria conversar com alguém as duas horas da madrugada de uma terça-feira tediosa. Ter alguém para me ouvir em pleno horário de trabalho ou estudos.
Engraçado é que quando tenho realmente tempo para eles, são os únicos momentos em que eu não quero conversar. Ou seja: eu fardo meu fracasso.

Ultimamente eu tenho estado inexplicavelmente ‘alegrinho’. É... Por mais incrível que pareça. Louco como haveria de ser, eu tenho dado uns risinhos ultimamente, mas sempre quando estou a fazer alguma coisa inútil. Tenho dado risadinhas ao ver a cor do meu violão (uma cor como todas as outras), ao ver o ventilador girando e girando, ao acordar as 5h45 e pensar “Estou fudido”. Esses são alguns dos momentos que me fazem rir.

Dias atrás eu sofri um deslize. Cometi algo que disse para mim mesmoq eu não haveria de fazê-lo tão cedo. Mas fiz. E tenho ficado péssimo por isso. Eu quebrei minha própria promessa. Nem eu mesmo posso acreditar nisso.
E antes que me perguntem: sim, eu sou durão comigo mesmo. Não gosto de me dar brecha e me culpo pelos erros que cometi. Aliás, podeio errar. E não me venham com hipocrisia de dizer que é com o oerro que se aprende: o ser humano é burro e sempre comete o mesmo erro mais de uma vez.

Nesse exato momento estou escrevendo tudo isso porque queria que alguém pudesse me ouvir justo agora. Sei que não vai ser a mesma coisa do que dizer face-to-face, mas para alguém que conta tudo de si para uma pessoa apenas digitando, isso aqui já é um grande auxilio.

Pensei há algum tempo que um amigo meu havia me ‘deixado de lado’. Pelo jeito me enganei. Oh, gosh, como que ueria que meus amigos soubessem a dimensão da importância que eles têm sobre mim. Como quisera eu.
Tenho absoluta convicção que quando eu falo, parece ser apenas da boca para fora. Ainda vou arrumar uma maneira de provar que não é.

Embora tenha estado em um turbilhão (como sempre) algumas questões minhas do meu eu foram resolvidas, sanadas. Nem eu sei bem como isso aconteceu, mas fico contente que tenha acontecido.

Estou sendo piegas.

Todo mundo deve ter o direito de pensar, de agir, de ser democrata. Todos devem ter o direito de expressar sí próprios da maneira como bem entendem, desde que isso não venha a ferir ou julgar o outro. Todos devem ter o direito de fazer suas próprias escolhas sem a interferência de alguém, e sem ser condenado por alguém. Ninguém deve ser obrigado a ser como os outros querem que sejam. Todo mundo tem o direito de ter a idade que quiser, mesmo que a biologia diga o contrário (eu já nasci velho). Todos devem ter o direito de ser um pouco M.L. King e dizer: “I have a dream”. Todo mundo tem o direito de ser um pouco Jack White e pensar: “I just don’t know what to do with myself”. Todos devem ter o direito à revolta. Todos devem ter o direto à vitória, pelo menos alguma vez e ser um pouco Julio César: “Veni, vidi, vici”.

Preciso ir dormir mas não tenho sono.

Enfim, é isso. Amigos, leiam-me cemo se estivesse dizendo-vos isso. Foi essa a intenção. Conversar com alguém na hora em que me deu vontade.

Abraços.

Friday, March 2, 2007

Confissões reveladas







   Só eu sei de mim. Só eu sei de tudo que um dia eu fiz, que planejei fazer ou que ainda pretendo fazer. Por mais que tentem me entender, só eu sei de mim.
Só eu sei do ciúmes que eu tenho dos meus amigos, só eu sei o porquê eu sempre prefiro a caneca que ganhei do meu tio; só eu sei que coloco sempre o pé direito embaixo do chuveiro para saber como está a água e que mesmo sabendo que ela está boa sempre sinto medo de colocar a cabeça embaixo dela, só eu sei que o feijão vem sempre encima do arroz e que eu sempre coloco o presunto antes do queijo. Só eu sei os momentos em que eu quero ser ninguém ou a pessoa mais importante do mundo. Só eu sei que a cor dos olhos não me é essencial mas não resisto a um par de olhos verdes me olhando; só eu sei o quanto eu sou contráditório (Fazer o quê... Minhas idéias não são estáticas).
   Só eu sei que eu gosto de sentir os sapatos apertados logo que os coloco mas odeio que eles fiquem apertados o resto do dia. Só eu sei que a cor branca me é a mais melâncólica de todas, que adoro os cheiros dos perfumes mas que me recuso a usá-los, que minha posição mais confortável é uma das menos recomendadas, que quando escrevo demais meu pulso dói eu tenho medo dessa dor.
   Só eu sei o quanto eu me esforço para ser ‘esperto’ mas sempre me sinto com cara de patético, e que me sentir com cara de patético me dá um ódio interno, e que quando eu tenho esse ódio interno direciono todas as minhas forças a me segurar e não soltar um sonoro grito no meio de todos, e só eu, mas só eu sei o quanto eu gostaria de soltar esse grito.
   Só eu sei das cirurgias que quero praticar, dos cortes que quero fazer, e das pessoas que quero a saúde recuperar.

   E no fim só eu me entendo. Só eu me faço eu e só eu posso me consertar.
   Meu eu sou EU.

Monday, February 26, 2007

Minha loucura da alma - Parte I






What if you slept? And what if, in your sleep, you dreamed?
And what if, in your dream, you went to heaven
and there plucked an strange and beautiful flower?
And what if, when you awoke, you had the flower in your hand?
Ah, what then?

Samuel Taylor Coleridge




[Sozinho em casa]

Solidão. Uma palavra que exprime o estar ou sentir-se sozinho. Uma palavra que com o passar dos anos tem se tornado mais comum. É fato: As pessoas estão vivendo mais sozinhas. O mundo nunca teve tantos habitantes, já estamos na marca dos seis bilhões e meio, ao mesmo tempo, nunca teve tantos solitários.
Estar sozinho é uma afirmativa complexa. Afinal, atire a primeira pedra quem nunca sentiu-se no (famoso) clichê: estar rodeado de pessoas e mesmo assim sentir-se sozinho. Portanto, estar ao lado de ‘corpos físicos’ não basta. Apenas saber que existe uma pessoa ao seu lado não é o suficiente para fazer com que não se sinta sozinho. Ao mesmo tempo, é totalmente possível uma pessoa andar sozinha pela rua e saber que não está sozinha, logo, a ausência de um ‘corpo físico’, apenas a falta de uma pessoa ao lado, também não é suficiente para deixarmos numa situação de solidão.
Então o que é estar sozinho?

[Our life’s a mess]

Estar sozinho significa não ter com quem contar naquele exato momento. Não ter alguém esperando em casa, não ter alguém ansioso para ver-te de novo e de novo e de novo. Estar sozinho é, mesmo no meio da multidão, não ter ninguém para contar o grande material fecal que tem sido seu dia. Sentir-se sozinho é estar ao lado de uma única pessoa mas não confiar nela, é não ter o ombro-amigo para chorar as lágrimas há muito contidas.
Há uma música brasileira que diz “A solidão é uma coisa boa”, não me recordo agora interprete tampouco o nome da música, mas essa pequena pílula poética diz algo importante: nem sempre solidão é sinônimo de tristeza. Ser sozinho é poder sair e voltar quando bem quiser e entender, estar sozinho é estar aberto a novos relacionamentos afetivos, andar por aí sozinho faz você prestar mais atenção a si mesmo.
Portanto nem sempre solidão é sinônimo de lamúrias e lamentações.
Mas é bom quando se tem alguém. É ótimo ter um amigo que te ouve de peito aberto, ter alguém que te abrace sem perguntar o porquê. Receber de alguém um carinho, um chamego, um beijo, um sorriso. Estar sozinho algumas vezes é bom, mas não o tempo todo.

[Sê bem vindo]

Sê bem vindo. Sinta-se a vontade.
Para não ser sozinho é necessário querer. Mas se meu conselho lhe vale de algo: Tenha poucos amigos, mas alimente-os na boca, se necessário. Tenho uma certa birra com aquelas pessoas que se dizem amigas de 100, 200 pessoas... Será mesmo possível que isso ocorra? Não creio eu.
Ser um pouco solitário e faz bem. Nunca consegui me acostumar à faculdade de reverlar-se para todos. É certo que algumas selecionadas pessoas o merecem, mas fora isso, fico eu, no meu constante eu. E viva o bloco do eu sozinho!



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É embriagada a vida.
Poço de comoções pulsantes que,
Doces, rebatem e reverberam como
Difratadas pelo minúsculo espaço
Do eu.

È amarga a vida,
Daydream delusion.
O aroma da alegria
Atormenta a nobritude absolutado do
Reinado insano.

Olhei ao sol, foi como se visse a mim, prostado
Diante da vida em seu seio íntimo,
Obscuro e cálido, não mais que tépido.
É que a luz que queima, a vida, no princípio mais fúnebre.

É bebida, o amor, requentado.
No seu âmago interno de nuvens rochosas
E pueris. Vistosos tremores reconfortantes,
Batem, no peito forte.

Procurei por teu corpo,
Mas só encontrei a solidão, fera da paixão.
E numa escultura decomposta, abracei;
Fazendo-a de ti a mim.

É embriagada a vida. Vinícula de emoções.
E quero embriagar-me em teu seio
Para abandonar, em meu sepulto,
A tudo que um dia me fez sóbrio.

Murilo Reis
26/02/2007 22h22min

Sunday, February 4, 2007

Choices




“Coffee falls into the stomach ... ideas begin to move,
things remembered arrive at full gallop ...
the shafts of wit start up like sharp-shooters,
similes arise, the paper is covered with ink”


Honoré de Balzac








[Levianamente, ingenuamente. Advérbios que modificam.]



Difícil fazer algumas escolhas, não? Complicado ter que resolver aonde ir, como ir, para que ir, porque ir... Mais difícil ainda quando estamos tomando as primeiras decisões. Toda criança, por mais que queira escolher com qual brinquedo brincará, são seus pais que dão a decisão final. São seus pais que resolveram comprar o brinquedo e deixar o pequenino ser, ingênuo, brincar.

Mas a criança cresce... e eis que ela chega, fatalmente, à adolescência...

Oh quantas rebeldias vêm junto com ela... A maioria delas sem fundamentos, sejamos francos. São rebeldias que não mudaram e que nunca mudarão o mundo. Mas é necessário que ele passe por isso. Afinal, quem é o adolescente? Um retrato fiel de seus país é algo inaceitável demais para abaixar a cabeça e resignar-se. Ele quer saber quem ele é... E para isso passa a revoltar-se e ter um pouco mais de autonomia nas suas escolhas. Mas são escolhas ainda insignificantes... Escolher que tipo de roupa usar, escolher com quais amigos andar, escolher qual filme ver. São escolhas que não afetam diretamente a vida da pessoa.

Porém, nem tudo são flores... A idade adulta sempre chega.



[Fudeu]





Junto com a idade adulta surgem responsabilidades, tarefas, escolhas que você nunca havia feito. E são escolhas reais. Escolhas que necessitam de total firmeza, escolhas que podem mudar sua vida. Mudar tanto para melhor quanto para pior. Escolhas que te acompanharão até o leito de morte, escolhas que te levarão à morte, as escolhas que te farão melhor, que te salvarão.

Mas enfim, pela primeira vez, somos pegos de surpresa por algo que nunca fizemos: Decidir, escolher. Mas as escolhas devem ser feitas com o ‘pé-no-chão’ e não com o romantismo exacerbado dos tempos de mocidade pueril.

Não é tão simples quanto parece. Alguns dos seus sonhos, até mesmo aqueles mais antigos, que você os têm desde a infância, terão que ser deixados para trás. Tudo por conta das novas decisões.

Acho engraçada a maneira como alguns fantasiam, mas nunca tentam fazer por onde. A juventude tem aquele “que” de fazer tudo, a qualquer hora e em qualquer lugar. Mas simplesmente uma grande parcela abstem-se dessa coragem e ficam a fantasiar. Como já dito por alguém, castelos no ar de nada servem; castelos no chão fortificam-te eternamente.

Não somos mais crianças para deixarmos tudo como está e acreditar que tudo está perfeito. Infelizmente, nunca mais teremos a mentalidade infantil de crer que o mundo é um lugar bom. Nunca mais teremos a noção de que um super-herói poderá vir do nada e salvar toda a humanidade do colapso que pode estar por vir.



[A arquitetura da vida]





Construir uma vida não é tarefa fácil. Construir nossa vida é uma tarefa dificílima, que só pode ser concluída por nós mesmo. Não adianta idealizar que é só ‘deixar a vida te levar’. Não há, simplesmente, uma maneira de irmos e irmos e irmos...

É tortuosa a maneira como caminhamos por ela. O mais engraçado é que todos vamos rumo à morte. O que será a conclusão de nossa vida senão o nosso dia póstumo? O destino final do ‘caminho’ fica onde, senão no seu falecimento.

É... Mas ninguém disse que viver tinha que fazer sentido. Um dos maiores paradoxos do mundo é a vida. Os questionamentos acerca da vida são quase intermináveis. Mas pelo menos alguns tentam. Medíocres os que, nem ao menos, tentam compreender o sentido dado, por você, a si mesmo.




DEPOIS DE ALGUM TEMPO - WILLIAM SHAKESPEARE
 

Monday, January 22, 2007

Mistakes





“Biochemically, love is just like eating large
amounts of chocolate.”
John Milton, The Devils Advocate




[No divã]

  Erramos. E como erramos. Tomamos um caminho errado, escolhemos branco quando deveríamos escolher preto. Vamos para o campo quando deveríamos estar na praia. Escrevemos errado, falamos errado, andamos errado, comemos errados, vemos o que não deveríamos ver, pensamos o que não deveríamos pensar. Enfim, produzimos material fecal (ou seja, fazemos merda) todo dia.
  É supostamente mais simples quando erramos com coisas. Digo, quando erramos caminhos, lugares, escolhas palpáveis. Por exemplo: se viramos na rua errada, basta voltarmos e tomarmos o caminho certo; se escolhemos o branco, basta mudar e pedir um preto. Errar com objetos é relativamente fácil. Claro que como todo erro teremos conseqüências e deveremos arcar com nossos ato, algumas penas leves, outras mais pesadas. Mas o consertar do erro com objetos depende majoritariamente da pessoa que errou. Você deve consertar e pronto.
  Claro que alguns erros com objetos também podem ter resultados catastróficos, mas eles ocorrem com menos intensidade. Não é todo dia, por exemplo, que se dispara um míssil teleguiado, posicionado com GPS mirado para Brasília carregando uma bomba atômica junto com ele. Hipérboles à parte, erros como a Construção do Palace II não ocorrem todo dia. E este é claramente um tipo de erro de objeto que pode afetar drasticamente.
  Mas eis que, como o linguajar popular diria, descobrimos que ‘o buraco é mais embaixo’.

[Ferrado e fudido e perdido no meio da selva]

  Quando ainda somos crianças, pequenas crianças, não temos idéia do que virá pela frente. É muito fácil quando colocamos o triângulo no lugar do quadrado, o problema é quando jogamos o quadrado e o triângulo em alguém. Traduzindo: Os piores erros que podemos cometer são os que envolvem pessoas. Tanto fisicamente quando emotivamente.
  A exemplo do Palace II, o problema todo não reside na queda do prédio, mas sim nas vidas das pessoas que lá habitavam. O problema não é escolhermos a cor errada, mas sim darmos essa cor de presente alguém. O problema do míssil enviado à Brasília é matar aquele pessoal que não trabalha na esplanada, nem no congresso, nem na assembléia...
  Esses sim são erros crassos. Um erro crasso é um erro que termina com um namoro, com uma amizade. Um erro destes é um erro que ter mina com a vida de várias pessoas. É um erro deste que faz um pai ficar 20 anos sem ver seu filho.
  E sabem o que mais? Esses erros costumam acontecer em intervalos de tempo quase impossíveis de se descrever. Dizer que durou um nanossegundo é antilírico demais para poder expressar o tempo psicológico que dura.
  É como cortar madeira. A árvore leva décadas para poder crescer vistosamente. Mas demora pouco menos de 10 minutos para ser levada ao chão.
  Alguns erros crassos podem ser perdoados, alguns não. Aí é que reside todo o perigo do erro relacional. É fácil demais quando somos nós e ninguém mais do que nós que deve corrigir o erro. O real problema é quando envolve alguém; e você nunca tem certeza do perdão ou da absolvição. Você nunca sabe se sua namorada voltará a ficar de braços abertos para contigo.

[Eis Pandora!]

  Alguns erros, fatalmente terminam com conseqüências absurdamente doloridas. Alguns com conseqüências leves, daquelas que doem mas não machucam. Mas se me permitem um conselho: Nunca conte com a proeza das probabilidades...
  Mas como todo esforço produz um calo, começamos a errar menos. A, finalmente, termos mais certezas.
  Mal-aventurados aqueles que não conseguem com a ‘normalidade’ tome conta novamente. É fato que a rotina cansa, mas a segurança não.
  Porém, se me permitem uma certa argumentação, começo a perceber que somos um tanto quanto sado-masoquistas. Sempre olhamos nossos erros, mesmo que os diários, mas nos esquecemos dos acertos. Sempre ficamos tensos quando entramos na rua errada, mas não ficamos tão extasiados quando entramos na certa.
  Deveríamos, a meu ver, ficarmos mais extasiados nos acertos. Por exemplo quando estamos prestes a conhecer alguém. Quando vemos uma guria linda, com uma cara, às vezes até que de palhaço, mas que podemos nos encantar com coisas simples e lacônicas que dela podem sair. Quando vemos um amigo querido surgindo nas escadarias do metrô. Quando escrevemos uma frase que nos faz sentir bem, mesmo que ninguém mais consiga entende-la.
  Enfim é isso. Errar menos, aproveitar mais. That´s the law.



[*] Como eu havia dito algumas coisas nesse blog não saem ao acaso. Portanto, qualquer semelhança com a vida real NÃO É MERA COINCIDÊNCIA.

Friday, January 12, 2007

Melancholia


                                            


 

“Everything great in the world comes from neurotics.
They alone have founded our religions and composed
our masterpieces.”
Marcel Proust



[Remexendo no empoeirado baú de minha mente]

  Às vezes eu tenho dúvida se nasci na época certa. O sentimento de estar na época errada, de estar vivenciando a época errada é sofrível. Não que eu esteja reclamando da vida, mas eu poderia ter nascido uns dez anos antes. Ah, isso eu podia!
Se isso tivesse acontecido eu teria jogado mais a Atari, eu teria usado roupas hoje chamadas de retro, eu teria visto ao vivo o show do Nirvana, eu teria brincado mais na rua (eu poderia passar o dia todo aqui só enumerando coisas que eu poderia ter feito).
  Dias atrás eu me rendi e brinquei de Lego. O velho e eterno Lego. Esse brinquedinho é curioso, parece explicar a vida com suas coloridas peças de vários formatos podemos fazer, praticamente, qualquer coisa (de brinquedo, óbvio...) e em um mesmo instante (na verdade, imensamente mais breve que o anterior) podemos destruir aquilo que construímos.
  Sinto muita falta de viver em um tempo em que teríamos por o que lutar. Falta de uma época em que existia um número maior de pessoas com consciência sobre o mundo.
  Vamos dizer assim: Hoje em dia Não temos mais heróis. Não temos. Temos ídolos, mas não temos mais alguém que tenha lutado para espelharmos-nos. Alguns poderão dizer que se espelham em determinados ícones. Concordo, eu também faço isso. Mas eles não são mais heróis já que não temos mais lutas. Espelhamos-nos para mudarmos nossos atos, mas não para mudarmos o mundo.



[Brechó de memórias]

  Contudo, não sei se os dez anos a mais dariam certo. Tenho consciência de que a melancolia que hoje sinto ocorre pelo fato de ser impossível eu vivenciar esse passado tão desejado. E eu provavelmente não teria consciência se eu estivesse vivenciando esses momentos no presente.
  Bem, na verdade não tenho TANTA certeza assim. Mas também fico pensando: Será que a geração futura sentirá essa melancolia que sinto por não ter vivido nesta época em que vivo? Sei não, viu... Nesses tempos atuais não temos tido muita coisa da qual orgulhamos-nos (tampouco de odiar convincentemente).
  As crianças de hoje em dia estão perdendo a inocência muito cedo (alguém se lembra daquela historinha de que crianças é um anjo até os setes anos? Pois eu acho que elas não estão chegando nem aos sete...).
  Vou colocar logo aqui embaixo um vídeo que eu achei há alguns dias no youtube. Eu não cheguei a conhecer tudo que se passa no clipe, mas grande parte sim (Eu achei que faltou Rafael, Michelangelo, Donatelo e Leonardo...).



[Conclusão memoriológica]

  Vou colocar uma frase de um grande (um dos melhores) filme que eu já assisti: “É FÁCIL QUANDO SE TEM ALGO PARA LUTAR CONTRA”. Realmente. Por isso que atualmente nos reduzimos a isso. Não temos nada contra o que lutarmos.
  Bem, para ser sincero até temos. Mas são lutas individuais. A água está acabando: cada um deve usá-la racionalmente. O petróleo tem fim: ande menos de carro. Não temos mais a luta, tampouco a glória que vem da vitória. Felizes os que tinham (imaginem os franceses de maio de ’68. Aquilo era vida. Aos que não conhecem a história recomendo o filme “The dreamers – Os sonhadores” Do Bertolucci)
   Mas atualmente tem surgido um novo tipo de luta (essa é a herança dos finados ’90). Estamos lutando contra nós mesmos. Não é a toa que especialistas dizem que a FLUOXETINA será a nova aspirina (mesmo eu odiando essa idéia).
  Porém ainda são poucos os que têm consciência de si próprio, de sua própria vida e o rumo que ela toma. São poucos os que pensam coisas consistentes (Mas reafirmo: Morte ao PROZAC!).