Wednesday, August 22, 2007

[Verdade sincera]



É complicado ser sincero. Ser sincero demais está me obrigando a revelar certos segredos a pessoas com as quais eu convivo. Não que confessar-me seja ruim, de forma alguma, a única coisa de ruim é a angustia de viver escondendo coisas. Mas reflito: será que todo mundo se descobre e se expõe tal como é a todo mundo? Ou será que todos são capazes de jurar que não escondem nada? Eu descreio. Sempre há algo que se esconde. Sempre há alguma mancha no passado que preferimos tentar esquecê-la, sempre há algum defeito que preferimos maquiar.


Mas qual é o limite entre os que merecem saber a verdade e os que não merecem? Aonde essa linha fica nunca foi-me revelada. É fato que níveis maiores de amizade exigem cumplicidades maiores, mas quando é que essa cumplicidade passa a ser fator primordial? Quando ela passa a obrigar que revelemos segredos intimos?


Além disso, é dificílimo dizer aos outros aquilo que não costumamos dizer nem a nós mesmo. Afinal, boa parte de nossos segredos estão sepultados na égide da nossa memória e por lá ficam até que alguém os remexa. E exumar uma memória não é nada agradável. É empoeirado, tem ratos e baratas, além de aranhas e escorpiões.


Mas seremos sinceros. Seremos quando acharmos que devemos ser. Não me venham com o famoso clichê (redundância?): "Ser sincero sempre". Impossível. Ninguém é e nem desejo que sejam. mas na verdade o que eu desejo já é assunto para outro post.