Monday, February 26, 2007

Minha loucura da alma - Parte I






What if you slept? And what if, in your sleep, you dreamed?
And what if, in your dream, you went to heaven
and there plucked an strange and beautiful flower?
And what if, when you awoke, you had the flower in your hand?
Ah, what then?

Samuel Taylor Coleridge




[Sozinho em casa]

Solidão. Uma palavra que exprime o estar ou sentir-se sozinho. Uma palavra que com o passar dos anos tem se tornado mais comum. É fato: As pessoas estão vivendo mais sozinhas. O mundo nunca teve tantos habitantes, já estamos na marca dos seis bilhões e meio, ao mesmo tempo, nunca teve tantos solitários.
Estar sozinho é uma afirmativa complexa. Afinal, atire a primeira pedra quem nunca sentiu-se no (famoso) clichê: estar rodeado de pessoas e mesmo assim sentir-se sozinho. Portanto, estar ao lado de ‘corpos físicos’ não basta. Apenas saber que existe uma pessoa ao seu lado não é o suficiente para fazer com que não se sinta sozinho. Ao mesmo tempo, é totalmente possível uma pessoa andar sozinha pela rua e saber que não está sozinha, logo, a ausência de um ‘corpo físico’, apenas a falta de uma pessoa ao lado, também não é suficiente para deixarmos numa situação de solidão.
Então o que é estar sozinho?

[Our life’s a mess]

Estar sozinho significa não ter com quem contar naquele exato momento. Não ter alguém esperando em casa, não ter alguém ansioso para ver-te de novo e de novo e de novo. Estar sozinho é, mesmo no meio da multidão, não ter ninguém para contar o grande material fecal que tem sido seu dia. Sentir-se sozinho é estar ao lado de uma única pessoa mas não confiar nela, é não ter o ombro-amigo para chorar as lágrimas há muito contidas.
Há uma música brasileira que diz “A solidão é uma coisa boa”, não me recordo agora interprete tampouco o nome da música, mas essa pequena pílula poética diz algo importante: nem sempre solidão é sinônimo de tristeza. Ser sozinho é poder sair e voltar quando bem quiser e entender, estar sozinho é estar aberto a novos relacionamentos afetivos, andar por aí sozinho faz você prestar mais atenção a si mesmo.
Portanto nem sempre solidão é sinônimo de lamúrias e lamentações.
Mas é bom quando se tem alguém. É ótimo ter um amigo que te ouve de peito aberto, ter alguém que te abrace sem perguntar o porquê. Receber de alguém um carinho, um chamego, um beijo, um sorriso. Estar sozinho algumas vezes é bom, mas não o tempo todo.

[Sê bem vindo]

Sê bem vindo. Sinta-se a vontade.
Para não ser sozinho é necessário querer. Mas se meu conselho lhe vale de algo: Tenha poucos amigos, mas alimente-os na boca, se necessário. Tenho uma certa birra com aquelas pessoas que se dizem amigas de 100, 200 pessoas... Será mesmo possível que isso ocorra? Não creio eu.
Ser um pouco solitário e faz bem. Nunca consegui me acostumar à faculdade de reverlar-se para todos. É certo que algumas selecionadas pessoas o merecem, mas fora isso, fico eu, no meu constante eu. E viva o bloco do eu sozinho!



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É embriagada a vida.
Poço de comoções pulsantes que,
Doces, rebatem e reverberam como
Difratadas pelo minúsculo espaço
Do eu.

È amarga a vida,
Daydream delusion.
O aroma da alegria
Atormenta a nobritude absolutado do
Reinado insano.

Olhei ao sol, foi como se visse a mim, prostado
Diante da vida em seu seio íntimo,
Obscuro e cálido, não mais que tépido.
É que a luz que queima, a vida, no princípio mais fúnebre.

É bebida, o amor, requentado.
No seu âmago interno de nuvens rochosas
E pueris. Vistosos tremores reconfortantes,
Batem, no peito forte.

Procurei por teu corpo,
Mas só encontrei a solidão, fera da paixão.
E numa escultura decomposta, abracei;
Fazendo-a de ti a mim.

É embriagada a vida. Vinícula de emoções.
E quero embriagar-me em teu seio
Para abandonar, em meu sepulto,
A tudo que um dia me fez sóbrio.

Murilo Reis
26/02/2007 22h22min

Sunday, February 4, 2007

Choices




“Coffee falls into the stomach ... ideas begin to move,
things remembered arrive at full gallop ...
the shafts of wit start up like sharp-shooters,
similes arise, the paper is covered with ink”


Honoré de Balzac








[Levianamente, ingenuamente. Advérbios que modificam.]



Difícil fazer algumas escolhas, não? Complicado ter que resolver aonde ir, como ir, para que ir, porque ir... Mais difícil ainda quando estamos tomando as primeiras decisões. Toda criança, por mais que queira escolher com qual brinquedo brincará, são seus pais que dão a decisão final. São seus pais que resolveram comprar o brinquedo e deixar o pequenino ser, ingênuo, brincar.

Mas a criança cresce... e eis que ela chega, fatalmente, à adolescência...

Oh quantas rebeldias vêm junto com ela... A maioria delas sem fundamentos, sejamos francos. São rebeldias que não mudaram e que nunca mudarão o mundo. Mas é necessário que ele passe por isso. Afinal, quem é o adolescente? Um retrato fiel de seus país é algo inaceitável demais para abaixar a cabeça e resignar-se. Ele quer saber quem ele é... E para isso passa a revoltar-se e ter um pouco mais de autonomia nas suas escolhas. Mas são escolhas ainda insignificantes... Escolher que tipo de roupa usar, escolher com quais amigos andar, escolher qual filme ver. São escolhas que não afetam diretamente a vida da pessoa.

Porém, nem tudo são flores... A idade adulta sempre chega.



[Fudeu]





Junto com a idade adulta surgem responsabilidades, tarefas, escolhas que você nunca havia feito. E são escolhas reais. Escolhas que necessitam de total firmeza, escolhas que podem mudar sua vida. Mudar tanto para melhor quanto para pior. Escolhas que te acompanharão até o leito de morte, escolhas que te levarão à morte, as escolhas que te farão melhor, que te salvarão.

Mas enfim, pela primeira vez, somos pegos de surpresa por algo que nunca fizemos: Decidir, escolher. Mas as escolhas devem ser feitas com o ‘pé-no-chão’ e não com o romantismo exacerbado dos tempos de mocidade pueril.

Não é tão simples quanto parece. Alguns dos seus sonhos, até mesmo aqueles mais antigos, que você os têm desde a infância, terão que ser deixados para trás. Tudo por conta das novas decisões.

Acho engraçada a maneira como alguns fantasiam, mas nunca tentam fazer por onde. A juventude tem aquele “que” de fazer tudo, a qualquer hora e em qualquer lugar. Mas simplesmente uma grande parcela abstem-se dessa coragem e ficam a fantasiar. Como já dito por alguém, castelos no ar de nada servem; castelos no chão fortificam-te eternamente.

Não somos mais crianças para deixarmos tudo como está e acreditar que tudo está perfeito. Infelizmente, nunca mais teremos a mentalidade infantil de crer que o mundo é um lugar bom. Nunca mais teremos a noção de que um super-herói poderá vir do nada e salvar toda a humanidade do colapso que pode estar por vir.



[A arquitetura da vida]





Construir uma vida não é tarefa fácil. Construir nossa vida é uma tarefa dificílima, que só pode ser concluída por nós mesmo. Não adianta idealizar que é só ‘deixar a vida te levar’. Não há, simplesmente, uma maneira de irmos e irmos e irmos...

É tortuosa a maneira como caminhamos por ela. O mais engraçado é que todos vamos rumo à morte. O que será a conclusão de nossa vida senão o nosso dia póstumo? O destino final do ‘caminho’ fica onde, senão no seu falecimento.

É... Mas ninguém disse que viver tinha que fazer sentido. Um dos maiores paradoxos do mundo é a vida. Os questionamentos acerca da vida são quase intermináveis. Mas pelo menos alguns tentam. Medíocres os que, nem ao menos, tentam compreender o sentido dado, por você, a si mesmo.




DEPOIS DE ALGUM TEMPO - WILLIAM SHAKESPEARE