Tuesday, December 30, 2008

[Fim de um ano]


Sem nenhuma escrúpulo ou vergonha, eu irei claramente copiar o post de fim de ano de um outro blog que eu conheço (mas que não vou contar para ninguém qual é para não perder a graça).


Em 2008 eu... Fiz mais amigos do que em qualquer outro ano. Escolhi mais roupas. Fiquei um pouco mais tranqüilo comigo mesmo. Estudei mais do que qualquer outro ano da minha vida. Segui rigorosamente uma rotina diária (e garanto ter gostado). Não fiz nenhuma grande viagem. Chorei, ri, conversei e fiz mais várias outras loucuras tendo como companhia só eu mesmo. Quase esqueci como é beijar na boca. Tive sentimentos diferentes com certas músicas (e basta ouvi-las para sentir tudo de novo). Escrevi menos mas senti mais. Me esforcei para ver o copo meio cheio. Aprendi a rir melhor. Bebi cerveja, Absolut, tequila, submarino e outros etílicos. Completei 20 primaveras. Fui entrevistado em Curitiba. Quase morri ao assistir “O escafandro e a borboleta”. Vi um espetáculo de dança contemporânea e amei. Tomei um Starbucks pela primeira vez. Descobri um pouco mais de mim ao ficar sozinho em cidades “estranhas” a mim. Revi pessoas que já há muito não as via. Descobri que uma parte do mundo é bem maior do que eu pensava que fosse. Fui a poucas festas e não fiz jogação. Fui mais organizado. Estou aprendendo a ser eu.

20 MÚSICAS QUE ME FIZERAM A CABEÇA EM 2008:


• “The Rejection” Dangerous Muse;
• “Tainted Love” Duffy;
• “Mulher sem razão” Adriana Calcanhotto; 
• “We are the people (Sam la More Remix)” Empire of the sun; 
• “Dans paris” Alex Boupain; 
• “Mad about you” Hooverphonic; 
• “Trupet thing” Far away; 
• “I need a miracle (Juanjo Martin & Javi Reina remix)” Fragma; 
• “Levater” Yaël Naim;
• “Fahrenheit far enough” Telefon Tel Aviv; 
• “Underwater love” Smoke City; 
• “Handle me (Voodoo & Serano remix)” Robyn; 
• “Just in time” Nina Simone; 
• “Little Bit” Lykke li; 
• “Misread” Kings of Convenience; 
• “Count Souvenirs” Junior Boys;
• “I’m Your’s” Jason Mraz; 
• “Speakerphone” Kylie Minogue; 
• “Boys Away” SCSI-9; 
• “Erotica (confessions tour edit)” Madonna.

10 FILMES QUE MAIS GOSTEI

• O Escafandro e a Borboleta;
• Little Miss sunshine
• Mamma Mia
• Norbit
• The seven year itch
• Dans Paris
• Les chansons d’amour
• Sex and the city
• The bubble
• Juste a peu de reconfort

Friday, December 26, 2008

[Paris]


“II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente”

(Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta)

Camille Claudel a Rodin em 1886.

Frase para lembrar para sempre.

[A glass, please]



Dias passam mas a angustia continua. Talvez a angustia de Sartre, já nem sei. mas acho que na verdade é uma angustia de querer viver. Querer ter boas histórias para contar, querer aproveitar um tempo que não volta mais. Final, os dias estão se passando, faster and faster, e pareço nada fazer.

Correr, fugir, escapar. Mas de quem? De mim.

Eu quero um amor, eu quero uma cor, eu quero uma dor. Um amor para ter para mim, uma cor para ter em mim e uma dor para ser em mim.

Copos de Whisky parecem funcionarem melhor que Freud.

Até que ponto eu sou eu e não os outros? Será que minha preferência por Alpha-M é minha ou de outrém? Minha paixão por blues é de quem? perguntas sem resposta. Apenas servem para ser ditas em uma mesa de um bar qualquer.

Devo ir a um bar hoje. Estou blue. Tudoposso  naquele que me embriaga.

Perdi sonhos de criança, ganhei sonhos de adulto. Ontem queria lua, hoje quero teto. Anteontem queria estrela, amanhã vou querer cama.

Os castrados vivem cerca de 13 anos a mais que os homens mais afortunados. E, como grupo, as freiras vivem mais do que todos. Já eu espero chegar, no máximo, aos 50 anos.

Ainda não decidi se quero ser poeta ou puta. Poeta pensa e não fode. Puta fode mas não pensa. E eu?

Por que a maioria do povo bonito é burro? Chega a dar raiva porque você sabe que nem adianta ir lá bater um papo legal, tentar ao menos. Energia disperdiçada a toa. As vezes é melhor ficar no conforto do seu lar.

Estou lendo O retrato de Dorian Gray. E depois vou ler Cem anos de solidão.

Quero ir para Londres. E para Paris. E logo.

Wednesday, December 24, 2008

[Merry Xmas]


Feliz natal a todos.

Ps: Blog voltando à normalidade.

Thursday, November 27, 2008

[AssholeFuckPussyCock]


“Já me estão a cansar… parem lá com a mania de que digo muitos palavrões, caralho! Gosto de palavrões! Como gosto de palavras em geral. Acho-os indispensáveis a quem tenha necessidade de dialogar… mas dialogar com caracter! O que se não deve é aplicar um bom palavrão fora do contexto, quando bem aplicado é como uma narrativa aberta, eu pessoalmente encaro-os na perspectiva literária! Quando se usam palavrões sem ser com o sentido concreto que têm, é como se estivéssemos a desinfectá-los, a torná-los decentes, a recuperá-los para o convívio familiar. Quando um palavrão é usado literalmente, é repugnante. (…)


(…) Se há palavras realmente repugnantes, são as decentes como ‘vagina’, ‘prepúcio’, ‘glande’, ‘vulva’ e ‘escroto’. São palavrões precisamente porque são demasiadamente inequívocos… para dizer que uma localidade fica fora de mão, não se pode dizer que ‘fica na vagina da mãe’ ou ‘no ânus de Judas’. Todas as palavras eruditas soam mais porcas que as populares e dão menos jeito! Quem é que se atreve a propor expressões latinas como ‘fellatio’ e ‘cunnilingus’? Tira a vontade a qualquer um! Da mesma maneira, ‘masturbação’ é pesado e maçudo, prestando-se pouco ao diálogo, enquanto o equivalente popular ‘esgalhar um pessegueiro’, com a ressonância inocente que tem, de um treta que se faz com o punho, é agradavelmente infantil. Os palavrões são palavras multifacetadas, muito mais prestáveis e jeitosas do que parecem. É preciso é imaginação na entoação que se lhes dá. Eu faço o que posso.”

(Miguel Esteves Cardoso)

Monday, November 24, 2008

[Vômito]




Na ânsia de viver, tenho sentido enjôos.

Sunday, November 23, 2008

[Curta o curta]


Tem um curta chamado Manual para atropelar cachorro.

O link está aqui.
Dura 18 minutos, mas já te digo que vale e muito a pena "perder" esses minutos.

Friday, November 21, 2008

[Parole]


Não passa de ser a mais absolta verdade. O corpo pode ser lindo, a roupa pode ser estilosérrima, mas depois do fim, só as palavras restarão.

Wednesday, November 19, 2008

[Voltando]


Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não consegurás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele(...)
Caio Fernando Abreu

Friday, November 14, 2008

[Centésimo Post]


Blog sob recesso até segunda ordem. Time to fix life.

Friday, November 7, 2008

[Desilusão]



Há uma desilusão para tudo e para todos. Há uma desilusão para você que quando criança acreditou que poderia alcançar as estrelas, uma desilusão pra você que achou que o peixinho dourado do seu aquário, tão sorridente, jamais morreria. Para todos que colecionam selos sem mandar carta a destinatário algum. Existe uma desilusão para todos que, como eu, acreditaram um dia que ninguém tivesse coragem de matar a borboleta amarela vistosa que visitava o jardim da casa da minha avó todos os dias, inglesamente, às 5 horas da tarde. Há uma desilusão na foto rasgada no chão do quarto da garota que acreditou que pudesse e fosse passar o resto da sua vida ao lado do garoto do colegial, um ano mais velho que ela.

Existe uma desilusão em toda onda que morre no mar, todo raio de luz que tenha viajado anos-luz para chegar à Terra sem que ninguém o tivesse visto. É uma desilusão ao cometa que se incendeia sem que ninguém, ao menos um mísero mortal, tivesse feito algum pedido ao vê-lo.

Há uma desilusão em toda zebra que descobre ter passado a vida toda de pijama, em toda girafa que se descobre a mais alta da savana e em todo elefante que esquece o lugar onde nasceu. É uma desilusão à barata a repugnância que sentem por ela. O primeiro dente que nasce numa boca virginal, a primeira espinha do adolescente isolado, a primeira noite sem conseguir dormir do executivo de sucesso, o primeiro cabelo branco do jovem senhor, o último dente original da boca tão mastigada.

É a desilusão da desilusão da vida que leva todos os desiludidos a continuarem a viver. E enquanto houver um raio de sol haverá, em algum coração, a falta de uma ilusão.

Tuesday, November 4, 2008

[Porto Alegre, 10 de agosto de 1985]


Não era nada com você. Ou quase nada. Estou tão desintegrado. Atravessei o resto da noite encarando minha desintegração. Joguei sobre você tantos medos, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro. Farpas. Uma pressa, uma urgência.E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar.

Te escrevo com um cigarro aceso e uma xícara de chá de boldo. A escrivaninha é muito antiga, daquelas que têm uma tampa, parece piano. Tem um pôster com Garcia Lorca na minha frente. Um retrato enorme de Virginia Woolf. E posso ver na estante assim, de repente, todo o Proust, e muito Rimbaud, e Verlaine, Faulkner, Ítalo Svevo, William Blake. Umas reproduções de Picasso. Outras de Da Vinci. Um biscuit com um pierrô tão patético. Uma pedra esotérica ainda de Stonehenge, Inglaterra, uma caixinha indiana. Todos os meus pedaços aqui.E você não me conhece, eu não conheço você.

Te escrevo por absoluta necessidade. Não conseguiria dormir outra vez se não te escrevesse.Zelda, há também o único romance escrito por Zelda Fitzgerald, a mulher de Scott Fitzgerald, que morreu louca, um incêndio, um hospício. Chama-se "Save me the waltz". "Reserve-me a valsa", não é lindo? Lembra o Brahma, se se dançasse no Brahma.

Please, save me the waltz.

Caio Fernando Abreu

Friday, October 31, 2008

Tuesday, October 28, 2008

Sunday, October 26, 2008

[Scream]


"Grite", ordenei-me quieta. "Grite", repeti-me inutilmente com um suspiro de profunda quietude. (...) Mas se eu gritasse uma só vez que fosse, talvez nunca mais pudesse parar. Se eu gritasse ninguém poderia fazer mais nada por mim; enquanto, se eu nunca revelar a minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber; mas só enquanto eu não assustar ninguém por ter saído dos regulamentos. Mas se souberem, assustam-se, nós que guardamos o grito em segredo inviolável.

Clarice Lispector

Thursday, October 23, 2008

[O salto]


A gente não tem como saber se vai dar certo. Talvez, lá adiante, haja uma mesa num restaurante, onde você mexerá o suco com o canudo, enquanto eu quebro uns palitos sobre o prato -- pequenas atividades às quais nos dedicaremos com inútil afinco, adiando o momento de dizer o que deve ser dito. Talvez, lá adiante: mas entre o silêncio que pode estar nos esperando então e o presente -- você acabou de sair da minha casa, seu cheiro ainda surge vez ou outra pelo quarto –, quem sabe não seremos felizes? 
Entre a concretude do beijo de cinco minutos atrás e a premonição do canudo girando no copo pode caber uma vida inteira. Ou duas.
Passos improvisados de tango e risadas, no corredor do meu apartamento. Uma festa cheia de amigos queridos, celebrando alguma coisa que não saberemos direito o que é, mas que deve ser celebrada. Abraços, borrachudos, a primeira visão de seu necessaire (para que tanto creme, meu Deus?!), respirações ofegantes, camarões, cafunés, banhos de mar – você me agarrando com as pernas e tapando o nariz, enquanto subimos e descemos com as ondas -- mãos dadas no cinema, uma poltrona verde e gorda comprada num antiquário, um tatu bola na grama de um sítio, algumas cidades domesticadas sob nossos pés, postais pregados com tachinhas no mural da cozinha e garrafas vazias num canto da área de serviço. Então, numa manhã, enquanto leio o jornal, te verei escovando os dentes e andando pela casa, dessa maneira aplicada e displicente que você tem de escovar os dentes e andar ao mesmo tempo e saberei, com a grandiosa certeza que surge das pequenas descobertas, que sou feliz.Talvez, céus nublados e pancadas esparsas nos esperem mais adiante. Silêncios onde deveria haver palavras, palavras onde poderia haver carinho, batidas de frente, gritos até. Depois faremos as pazes. Ou não?
Tudo que sabemos agora é que eu te quero, você me quer e temos todo o tempo e o espaço diante de nossos narizes para fazer disso o melhor que pudermos. Se tivermos cuidado e sorte – sobretudo, talvez, sorte -- quem sabe, dê certo? Não é fácil. Tampouco impossível. E se existe essa centelha quase palpável, essa esperança intensa que chamamos de amor, então não há nada mais sensato a fazer do que soltarmos as mãos dos trapézios, perdermos a frágil segurança de nossas solidões e nos enlaçarmos em pleno ar. Talvez nos esborrachemos. Talvez saiamos voando. Não temos como saber se vai dar certo -- o verdadeiro encontro só se dá ao tirarmos os pés do chão -- mas a vida não tem nenhum sentido se não for para dar o salto.


Antonio Prata

Friday, October 17, 2008

[Romantique]


Não há no mundo lei que possa condenar, alguém que a um outro alguém deixou e amar.

Maria Rita

Sunday, October 12, 2008

[Leminski - II]


Um homem com uma dor


um homem com uma dor 
é muito mais elegante 
caminha assim de lado 
como se chegasse atrasado 
andasse mais adiante

[O "meio" da vida]


Anyway, it seems to me that the way most people go on living (I suppose there are a few exceptions), they think that the world of life (or whatever) is this place where everything is (or is supposed to be) basically logical and consistent...It's like when you put instant rice pudding mix in a bowl in the microwave and push the button, and you take the cover off when it rings, and there you've got rice pudding. I mean, what happens in between the time when you push the switch and when the microwave rings? You can't tell what's going on under the cover. Maybe the instant rice pudding first turns into macaroni cheese in the darkness when nobody's looking and only then turns back into rice pudding. We think it's natural to get rice pudding after we put rice pudding mix in the microwave and the bell rings, but to me that's just a presumption. I would be kind of relieved if, every once in a while, after you put rice pudding mix in the microwave and it rang and you opened the top, you got macaroni cheese.

Texto extraordinariamente encontrado na descrição pessoal de um rapaz no Last.fm. Quem quiser o profile dele está. Achei soberbo.

Wednesday, October 8, 2008


I pretend to be happy.

Sunday, October 5, 2008

[Drunk Angel]


“Quem coleciona selos para o filho do amigo; quem acorda de madrugada e estremece no desgosto de si mesmo ao lembrar que há muitos anos feriu a quem amava; quem chora no cinema ao ver o reencontro de pai e filho; quem segura sem temor uma lagartixa e lhe faz com os dedos uma carícia; quem se detém no caminho para ver melhor a flor silvestre; quem se ri das próprias rugas; quem decide aplicar-se ao estudo de uma língua morta depois de um fracasso sentimental; quem procura na cidade os traços da cidade que passou; quem se deixa tocar pelo símbolo da porta fechada; quem costura roupa para os lázaros; quem envia bonecas às filhas dos lázaros; quem diz a uma visita pouco familiar: Meu pai só gostava desta cadeira; quem manda livros aos presidiários; quem se comove ao ver passar de cabeça branca aquele ou aquela, mestre ou mestra, que foi a fera do colégio; quem escolhe na venda verdura fresca para o canário; quem se lembra todos os dias do amigo morto; quem jamais negligencia os ritos da amizade; quem guarda, se lhe deram de presente, o isqueiro que não mais funciona; quem, não tendo o hábito de beber, liga o telefone internacional no segundo uísque a fim de conversar com amigo ou amiga; quem coleciona pedras, garrafas e galhos ressequidos; quem passa mais de dez minutos a fazer mágicas para as crianças; quem guarda as cartas do noivado com uma fita; quem sabe construir uma boa fogueira; quem entra em delicado transe diante dos velhos troncos, dos musgos e dos liquens; quem procura decifrar no desenho da madeira o hieróglifo da existência; quem não se acanha de achar o pôr-do-sol uma perfeição; quem se desata em sorriso à visão de uma cascata ; quem leva a sério os transatlânticos que passam; quem visita sozinho os lugares onde já foi feliz ou infeliz; quem de repente liberta os pássaros do viveiro; quem sente pena da pessoa amada e não sabe explicar o motivo; quem julga adivinhar o pensamento do cavalo; todos eles são presidiários da ternura e andarão por toda a parte acorrentados, atados aos pequenos amores da armadilha terrestre.” (Paulo Mendes Campos, em “O Anjo Bêbado”).


Chega uma hora em que a pessoa se cansa de ser chamada de esquisita.

Saturday, October 4, 2008


Alguma coisa acontece no meu coração...

Thursday, October 2, 2008

[Love without love]


Como é possível
Um
Amar sem sentir nada de mais
A não ser o nada
Coisa estranha como
O vento que sai do ventilador.

Vinicius Becker

Tuesday, September 30, 2008

[Dean]





Hoje, 53 anos da morte de James Dean

Monday, September 29, 2008

Sunday, September 28, 2008

Na Lista para ser visto.

Thursday, September 25, 2008



De uns tempos para cá, eu tenho sido nada mais do que um qualquer.

[Believe]


Quando alguém te disser que sempre sempre dá para as coisas piorarem, acredite!

Wednesday, September 24, 2008

[Garden]


"Mas toda semente quer brotar, todo feto quer nascer, todo sonho quer se realizar. Sementes que não nascem, fetos que são abortados, sonhos que não são realizados, se transformam em demônios dentro da alma. E ficam a nos atormentar. Aquelas tristezas, aquelas depressões, aquelas irritações - vez por outra elas tomam conta de você – aposto que são o sonho de jardim que está dentro e não consegue nascer. Deus não tem muita paciência com pessoas que não gostam de jardins..."

Rubem Alves

Tuesday, September 23, 2008

[Além do que se vê]


Tem um colega meu na escola que quando me vê não aceita um simples aperto de mão. Para ele, não há cumprimento sem abraço. Tão logo me vê, ele me dá um super abraço de urso que me deixa quase sem reação. Me sinto fofo, warm, cálido. Claro que ele não sabe disso e eu também não faço a mínima questão de contar, apenas acho isso intrigante e deveras confortável para mim.

Ao mesmo tempo, todo dia quando chego em casa, não consigo mais me habituar. É sempre um fogo cruzado de trocas de "afetos" que tem me deixado sinceramente magoado. Pensei que isso só ocorresse enquanto se é um adolescente, mas descobri que não. Talvez incomptabilidade, sei lá. É fato que minha família sempre fez questão de tentar me mostrar quão diferente eu sou: o primo nerd, o filho "branco", o sobrinho que as-vezes-nem-se-lembram.

Já até me acostumei a me sentir "o estranho". Mentira. A diferenteça é que agora sei que não sou estranho, tampouco estou sozinho. Não sou o único a curtir new rave; a entender, de fato, quem foi Yves Saint Laurent ou a colecionar fotos. Não, não sou estranho, sou apenas eu.


Já me acostumei a ser chamado de doido (e nesse instante em que escrevo, meu irmão entrou no quarto, apagou a luz saiu e nem deu conta de que eu estou aqui). Ultimamente tenho dito que eu mesmo vou me internar so soon. Eles devem achar que eu brinco. Algo a fazer? Não sei. Sei que é difícil, e chato. E no fundo, eu começo a entender verdadeiramente meu amigo Diego. O que entendo? Deixa para lá, cedo demais para fazer esses comentários, mas ele vai entender. E no fundo, eu também.

Monday, September 22, 2008

[Aconteceu uma vez]


"O amor que choveu" 

Era uma vez um menino que amava demais. Amava tanto, mas tanto, que o amor nem cabia dentro dele. Saía pelos olhos, brilhando, pela boca, cantando, pelas pernas, tremendo, pelas mãos, suando. (Só pelo umbigo é que não saía: o nó ali é tão bem dado que nunca houve um só que tenha soltado).

O menino sabia que o único jeito de resolver a questão era dando o amor à menina que amava. Mas como saber o que ela achava dele? Na classe, tinha mais quinze meninos. Na escola, trezentos. No mundo, vai saber, uns dois bilhões? Como é que ia acontecer de a menina se apaixonar justo por ele, que tinha se apaixonado por ela? O menino tentou trancar o amor numa mala, mas não tinha como: nem sentando em cima o zíper fechava. Resolveu então congelar, mas era tão quente, o amor, que fundiu o freezer, queimou a tomada, derrubou a energia do prédio, do quarteirão e logo o menino saiu andando pela cidade escura ― só ele brilhando nas ruas, deixando pegadas de Star Fix por onde pisava.

O que é que eu faço? ― perguntou ao prefeito, ao amigo, ao doutor e a um pessoalzinho que passava a vida sentado em frente ao posto de gasolina. Fala pra ela! ― diziam todos, sem pensar duas vezes, mas ele não tinha coragem. E se ela não o amasse? E se não aceitasse todo o amor que ele tinha pra dar? Ele ia murchar que nem uva passa, explodir como bexiga e chorar até 31 de dezembro de 2978. 

Tomou então a decisão: iria atirar seu amor ao mar. Um polvo que se agarrasse a ele ― se tem oito braços para os abraços, por que não quatro corações, para as suas paixões? Ele é que não dava conta, era só um menino, com apenas duas mãos e o maior sentimento do mundo. Foi até a beira da praia e, sem pensar duas vezes, jogou. O que o menino não sabia era que seu amor era maior do que o mar. E o amor do menino fez o oceano evaporar. Ele chorou, chorou e chorou, pela morte do mar e de seu grande amor. Até que sentiu uma gota na ponta do nariz. Depois outra, na orelha e mais outra, no dedão do pé. Era o mar, misturado ao amor do menino, que chovia do Saara à Belém, de Meca à Jerusalém. Choveu tanto que acabou molhando a menina que o menino amava. E assim que a água tocou sua língua, ela saiu correndo para a praia, pois já fazia meses que sentia o mesmo gosto, o gosto de um amor tão grande, mas tão grande, que já nem cabia dentro dela.


Antonio Prata

Ps: eu sei que tem tempo que não escrevo nada meu. Foi mals, mas prometo fazê-lo em breve.

Saturday, September 13, 2008

[Dans Paris]


-Orgulhoso de você? Você está orgulhoso? Era isso que você queria, certo? Certo?
- Você está bêbada!
- Eu não estou bêbada.Acredite, eu fico bêbada se você quiser. Mas eu posso beber litros e não ficar bêbada. Por nós, eu não vou ficar bêbada.Eu entendo tudo sobre mim.
- Bom para você!
- Eu sei disso. Eu sei. Você não sabe nada! 
- Você sempre foi forte.
- Orgulhoso de não trepar com a mulher que te ama?
- Você me ama?
- Ser amado não significa que tudo está bem. Isso não significa que você é meu e que eu sou sua.

Wednesday, September 10, 2008

[Pictures]

Aqui estão umas das últimas fotos que eu vi e que gostei. Fotos que mostram sem querer mostrar, sacam? Aquele tipo de foto que não precisa de 5645212315489 megapixels para sair perfeita. na verdade, são fotos que quanto mais imperfeita melhores. Gosto dessas.

[Leminski]

Monday, September 8, 2008

[Never, ever, ever, ever underestimate the power of "I'd like that"]

 John Mayer - Gravity

So I was thinking' about relationships and about how it pertains to songs about relationships, and uh, I was trying to think, well it occurred to me that the key, I figured out the key to a relationship and how to make it work. Check it out, this is, this is, a tip from your uncle John, check it out: when you first meet somebody, you find out they like you, first of all, a friend of a friend of theirs say, he or she really really likes you, and it kills you, floors you, sends you to the ground, you've got to pick yourself up off the ground; then you get their phone number and you call them up, right, and you say "Yeah, that's a really great phone conversation, can I see you some time?" and then they say this, they say, "I'd like that."

Nothing feels better than "I'd like that".

So now, your blood pressures' going, you're six feet off the ground, you can't sleep, because of "I'd like that". So then you hang out for a while, and you call and you talk on the phone all the time, and then you drop the bomb, what feels like the bomb, you say, "You know what, I've been thinking about you a lot." And she goes, "Ahhhhhhh!" And you go "What happened?" and she goes, "I'm sorry, I just, I just, I just, that's, I've been thinking about you too." Bam. Higher into the sky.
But now "I'd like that." Tch. Done. Now you're up to "I'm thinking about you." Then however number of months pass, it makes you feel comfortable saying it, you say, "I gotta tell you something." They go "What?” you go "I'm in love with you." And nothing in the world sounds better than "I'm in love with you." And then maybe she starts crying, or maybe he goes "*gasp*". And all the sudden you're like "I'm in." But now what doesn't work?; "I'd like that." and "I've been thinking about you."

Now we're at "I'm in love with you."

Then maybe someday it'll move up to "I love you." Fast forward, now you're like "I love you a lot; I love you more than anything in life." Now "I love you." doesn't work. It's a threshold that keeps moving up. Fast forward, like six months, six weeks, whatever the case may be, now you're on like, "I want to marry you." "I want to impregnate you with my love." "I wanna, I wanna just send my love to you." "Damn it, words don't work anymore." And then you say this line, and you know, you know you've used this line before, "I just wish they'd put a new word in the dictionary bigger than love because love just doesn't describe what I feel." And so now he or she starts asking, "Do you love me?" and you start going, "Of course I love you." "Well say it." And then it becomes "Say it twice." And it goes "Say it three times."
And then, you cross a really interesting point, where all the sudden it becomes "I hate you, I hate you." And you go, "Oh my god she hates me." And now it's like "I hate you more than anything." And then it's like "We're over." And then they go "No we're not." And you go "Yes we are."

Now the words completely do not work at all, you're left with nothing. You're throwing punches under water. You're done. You know what the moral of that story is, if there is one:

Never, ever, ever, ever underestimate the power of "I'd like that."

(John Mayer)

Sunday, September 7, 2008

[Vinho e Vodka]

 Semisonic - Closing Time


"Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca 
Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo 
Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação? 
Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos 
Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo 
Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto 
Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos 
Fingir que hoje é domingo, vamos ver 
O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão? 
Vamos, amor, tomar thé na Cavé com madame Sevignée 
Vamos roubar laranja, falar nome, vamos inventar 
Vamos criar beijo novo, carinho novo, vamos visitar N. S. do Parto? 
Vamos, amor? vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos 
Vamos fazer neném dormir, botar ele no urinol 
Vamos, amor? 
Porque excessivamente grave é a Vida."

Vinicius de Moraes

Friday, September 5, 2008

[Bonecas Russas]


- Você é o homem perfeito.
- Engano seu. Eu não sou perfeito. Se tem alguém errado na terra, sou eu!
- Foi o que eu disse: você é perfeito.
- Acho que não sou quem você pensa que eu sou.
- Sei que você nem sempre é perfeito...que tem problemas, defeitos, imperfeições, mas quem não tem? Eu gosto dos seus problemas...me apaixonei por seus defeitos. Eles são fantásticos.

Thursday, September 4, 2008

[Church]


Em um poema de uma grande poetisa lusófona, cujo nome deixo escondido sobre a obscuridade de minhas palavras, por vezes em três palavras, algumas delas de teor chamado por alguns de sujas, são elas "Fodo", "Poder", "Lascívia"

Por horas indescritíveis cujos relógio me recusa a contar-me verossimilmente, tenho refletido sobre elas. Meu breve testemunho delas (breve pois o poder do pensamento, não há palavras suficientes no mundo para descrevê-lo) deixo-o por aqui.

Foder. Palavra simples e singela. por vezes jogada no limbo do baixo calão, ouso por dizer, não de forma preconceituosa, mas apenas corriqueira, no esquecimento popular. Esquecimento pois parecem esquecerem-se do lirismo presente nela. Sim, lirismo. Afinal, nada mais lindo que o sexo: o amor supérfluo de duas carnes, o amor eterno de duas almas.. Quantos poetas já não choraram sobre o manto venal da lua dos amantes. Quantos traídos já não se matamram por verem o seu sexo compartilhado com outro ser. Quantas putas já não fizeram do amor próximo o seu meio de sobrevivência diário. Não se engane ao ouvir as minhas blasfêmias e cogitar colocá-las em prática. Não! Eu não falo para alguém me seguir. Na verdade, eu não falo para alguém me ouvir tampouco para crerem em mim.

Poder. Substantivo, adjetivo, advérbio ou verbo? Não, gramáticos. Não me venham com explicações puras. Substantivo no que diz a nomear algo. Adjetivo ao qualificar uma a ação banal feita por alguém importante. Advérbio por ser capaz de modificar ações e mover montanhas ou ainda verbo por ser uma ação, direta ou indireta, por ou sobre alguém.

Lascivia. recuso-me a olhar no vernáculo semântico da lusofonia seu significado. Recuso-me porque desta forma dou a ela sentidos mais variados e que se adequem 
àquilo que quero pensar no momento. Confesso ser issod everas melhor do que crer numa explicação fria de um livro sem literatura. Sim, prefiro acreditar apenas no "fodo contigo, poder, lascívio" (que a finada poetisa me perdoe pela troca do gênero).

E o que eu quis ao dizer isso? respondo: nada dizer. Já dizia Chacrinha: "Eu não vim para explicar, eu vim para confundir".

Monday, August 25, 2008

Eu gostei. E muito, by the way.

Saturday, August 23, 2008

[Titia Mad]


É, fio, quero ver você conseguir fazer o que a tia faz...

Thursday, August 21, 2008

 Joss Stone - Tell Me What Were Gonna Do Now


Quem és? Pergunto ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó, Depois nada.

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo

Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.


 

 
Do Desejo I – Hilda Hilst