Thursday, July 12, 2007

[Sentimentos]


Há tempo que eu só tenho colocado textos mais artísticos por aqui. Hoje eu vou voltar àquela série de textos crônicos. Fazem-me bem e não têm contra indicação.

Bem dialoguemos sobre os relacionamentos humanos. Sim, eles são complicados, e ninguém será capaz de provar-me o contrário. Relacionamentos em geral: amizade, paixão, amor, família.



Comecemos pela amizade. Eita sentimento estranho esse. Sim, estranho mesmo. São duas pessoas que se amam (não estranhem) mas não desejam o corpo alheio, não sentem ânsia em beijos e amassos. Amigos são dois seres que se gostam e se entendem. Se completam e complementam. Amigos são aqueles com os quais você fica horas e horas conversando e ainda assim reclama que passou muito rápido quando precisa ir embora.
Amizade é aquele sentimento que te sustenta, que te faz eternamente lembrar que existem pessoas preocupadas contigo. Reciprocamente, amigos te deixam extremamente preocupado. Quando um amigo começa a agir estranho, quando fica ausente ou qualquer problema de saúde que possa acontecer, uma coisa é fato: Lá se vão algumas noites de sono tranquilo.
Terminar um amizade é o mesmo que acabar com um namoro. É doloroso, ambos sofrem e as memórias permanecem.
Ter um amigo é a certeza de que alguém está perto de ti mesmo estando a quilômetros e quilômetros de distância. É ter alguém com o qual pode chorar as mágoas, festejar as alegrias, pedir conselhos, receber ajuda (e ajudar). Enfim, é alguém que sempre estará ao teu lado. Amigos são irmãos separados na hora do nascimento.
Mas não te engane, leitor. Ninguém consegue ter muitos amigos. Quem diz ter amigos demais um dia acaba por descobrir que a maioria eram míseros colegas.

Seguindo a ordem, chegou a hora da tão exasperada paixão. Ei-a! Maldoso sentimento carnívoro e frugívoro. Esse é o sentimento mais arrebatador que existe. Ele é aquele que te faz sair correndo, que te faz largar tudo que esteja fazendo e correr ao encontro do outro ser. É sentir carne contra carne, suor no corpo e respiração alfegante. É olhar nos olhos como quem diz ‘quero-te’. A paixão, no entanto, tem uma particularidade: ela acaba logo. Eu teimo com qualquer um que venha me dizer que paixão éum sentimento duradoudo. Não é. Paixão é o instinto humano de sexo. É querer sexo e nada mais.
Paixão é sentir as veias pulsarem de sangue, os músculos agitarem-se e os nerônios ferverem. É uma explosão hormonal, nem sempre concretizada, mas sempre idealizada. Ora pois, quem nunca fantasiou fantasias (pleonasmo?) sexuais que atire a primeira pedra.

Vamos ferrar com tudo agora. É o amor. Esse é o imperador, o maioral, o equivocado dono de tudo. Amor é complexo. Já falei sobre amizade, que é amor, paixão, que é amor, e estou a falar do amor, que é amor. Amor é gostar, e querer, é manter. Amor é suspirar, é chorar, é sentir falta. Amor é fingir odiar, é pretender gostar. Amor é preocupar-se, lembrar-se, nunca esquecer. Amor doi, fere, machuca, corroi, dilacera, oxida. Amor sangra e amor cura, amor corta e amor coagula; amor oxida e amor reduz; amor eletriza e amor descarrega; amor é antíteses e amor é paradoxo. A minha verdade é que em certos momentos da vida, o amor é a pior pedida. O amor te onera tempo e energia e algumas vezes isso é tudo o que você não tem para fornecer. Perceber isso é fundamental. Mas cada um sabe de si.


E por fim, chega a família. Confraternização de genes. Família perdeu o sentido original, ou seja, família deixou de ser ‘grupo de parentes’. Família são pessoas que estão contigo e que permanecerão haja o que houver. Família é que te suporta e te apóia. Por vezes, família é aquele grupo de parentes mesmo. Mas isso nem sempre acontece. Mas família não se resume a parentes. Um grupo de amigos constitui uma família. Amigos de verdade são tão intensos que são como se os cariótipos fossem semelhantes, como se tivessem nascidos juntos e fossem destinado para tal.
Família são aqueles que te levantam quando você caí e te bentratam quando se machuca. Família são os que acreditam em você e entendem-te. Mas são também os que te dão o soco quando necessário.

Acho que é só isso. Ame, transe, apaixone-se, desapaixone-se, sinta sem pudor. Perca o medo e a vergonha. Dispa-se da sociedade e faça aquilo que mais bem quiser. Vá onde der vontade (e aonde todo mundo vai), faça o que é legal (e não o que é modinha).

Fui-me.