Friday, January 12, 2007

Melancholia


                                            


 

“Everything great in the world comes from neurotics.
They alone have founded our religions and composed
our masterpieces.”
Marcel Proust



[Remexendo no empoeirado baú de minha mente]

  Às vezes eu tenho dúvida se nasci na época certa. O sentimento de estar na época errada, de estar vivenciando a época errada é sofrível. Não que eu esteja reclamando da vida, mas eu poderia ter nascido uns dez anos antes. Ah, isso eu podia!
Se isso tivesse acontecido eu teria jogado mais a Atari, eu teria usado roupas hoje chamadas de retro, eu teria visto ao vivo o show do Nirvana, eu teria brincado mais na rua (eu poderia passar o dia todo aqui só enumerando coisas que eu poderia ter feito).
  Dias atrás eu me rendi e brinquei de Lego. O velho e eterno Lego. Esse brinquedinho é curioso, parece explicar a vida com suas coloridas peças de vários formatos podemos fazer, praticamente, qualquer coisa (de brinquedo, óbvio...) e em um mesmo instante (na verdade, imensamente mais breve que o anterior) podemos destruir aquilo que construímos.
  Sinto muita falta de viver em um tempo em que teríamos por o que lutar. Falta de uma época em que existia um número maior de pessoas com consciência sobre o mundo.
  Vamos dizer assim: Hoje em dia Não temos mais heróis. Não temos. Temos ídolos, mas não temos mais alguém que tenha lutado para espelharmos-nos. Alguns poderão dizer que se espelham em determinados ícones. Concordo, eu também faço isso. Mas eles não são mais heróis já que não temos mais lutas. Espelhamos-nos para mudarmos nossos atos, mas não para mudarmos o mundo.



[Brechó de memórias]

  Contudo, não sei se os dez anos a mais dariam certo. Tenho consciência de que a melancolia que hoje sinto ocorre pelo fato de ser impossível eu vivenciar esse passado tão desejado. E eu provavelmente não teria consciência se eu estivesse vivenciando esses momentos no presente.
  Bem, na verdade não tenho TANTA certeza assim. Mas também fico pensando: Será que a geração futura sentirá essa melancolia que sinto por não ter vivido nesta época em que vivo? Sei não, viu... Nesses tempos atuais não temos tido muita coisa da qual orgulhamos-nos (tampouco de odiar convincentemente).
  As crianças de hoje em dia estão perdendo a inocência muito cedo (alguém se lembra daquela historinha de que crianças é um anjo até os setes anos? Pois eu acho que elas não estão chegando nem aos sete...).
  Vou colocar logo aqui embaixo um vídeo que eu achei há alguns dias no youtube. Eu não cheguei a conhecer tudo que se passa no clipe, mas grande parte sim (Eu achei que faltou Rafael, Michelangelo, Donatelo e Leonardo...).



[Conclusão memoriológica]

  Vou colocar uma frase de um grande (um dos melhores) filme que eu já assisti: “É FÁCIL QUANDO SE TEM ALGO PARA LUTAR CONTRA”. Realmente. Por isso que atualmente nos reduzimos a isso. Não temos nada contra o que lutarmos.
  Bem, para ser sincero até temos. Mas são lutas individuais. A água está acabando: cada um deve usá-la racionalmente. O petróleo tem fim: ande menos de carro. Não temos mais a luta, tampouco a glória que vem da vitória. Felizes os que tinham (imaginem os franceses de maio de ’68. Aquilo era vida. Aos que não conhecem a história recomendo o filme “The dreamers – Os sonhadores” Do Bertolucci)
   Mas atualmente tem surgido um novo tipo de luta (essa é a herança dos finados ’90). Estamos lutando contra nós mesmos. Não é a toa que especialistas dizem que a FLUOXETINA será a nova aspirina (mesmo eu odiando essa idéia).
  Porém ainda são poucos os que têm consciência de si próprio, de sua própria vida e o rumo que ela toma. São poucos os que pensam coisas consistentes (Mas reafirmo: Morte ao PROZAC!).

5 comments:

Unknown said...

Murilão,

Esse sentimento também me persegue.
Eu queria ter vivido os anos 70. Ter visto Led Zeppelin, a ditadura, Tom Jobim, a liberdade. Queria sentir como é sair de casa sem se preocupar com bandidos, balas perdidas. Queria ter gostado de Fusca. Queria ter 50 anos hoje e poder dizer: "eu aproveitei a vida", eu vivi os anos incríveis.

Acho que sentimos isso porque nascemos em uma época de transição... final dos ano 80. A tecnologia era um "bebê", o socialismo já estava "morto", o come-come era legal, bater figurinha também.
Hoje, a criança nasce com um celular, um laptop, um playstation 3... já está tudo avançado... essa criança não vai sentir esse drama que nós sentimos.

Abraço,

Evan.

Anonymous said...

aah Murilo, este post foi simplesmente perfeito.
tenho pensado MUITO em todas essas coisas esses dias, saudades do meu Super Nintendo (eu ainda tenho! :P), das minhas fofoletes e da minha inocência..
estava conversando com o Léo sobre isso há uns 2 dias, falei de como tenho ódio de nascer em 91 (isso mesmo, mil-novecentos-e-noveta-e-um!).
e por parível que increça (muuuuita coincidencia MESMO!), brinquei de Lego agora pouco, meu brinquedo preferido, não há limites no Lego!
os homens de hoje em dia vão à Lua mas não tem a capacidade de simplesmente ser felizes, sao amaldiçoados com a consciencia, enquanto simplesmente poderiam ser felizes, só isso!
adoreeeeei o vídeo, e realmente faltou as tartarugas ninjas hahaha
ah, que pensa das crianças de hoje!
desculpe a invasão :P

beijos! :*
sucesso com o blog ;)

Luis Gustavo Brito Dias said...

Sabe, concordo com o phato de as crianças estarem amadurecendo cedo. Deveriam aproveitar mais a cachola delas direcionando-as para um centro. Sabe, como é... Vendo coisas que a impressionem de maneira proveitosa, mas acho isso pouco ephicaz no momento. Quando somos adolescentes somos irracionais, para não dizer insanos. Para a adolescência os sonhos são a realidade e a relidade é um sonho teddioso que tem que se escapar toda vez que se é possível.

Não posso lhe dizer que a época de heróis acabou-se, sabe, os ídolos estão a um passo de serem heróis, mas não percebem isso. Deveríamos nos acostumar com a idéia de cada tempo tem um tempo necessário para que esse tempo seja um tempo histórico. Mas não é assim que pensamos, todos nós, estamos dispostos a passar em cima do que é o agora para saber o que vem depois. Deve ser por isso que já não se tem mais heróis. E nem lutas.

Penso, assim como você, que quando as lutas acabarem não precisará mais de ideais, já que todos eles são criados e executados por uma discordância de linha de pensamento.

...no phuturo, creio eu, discutiremos até pela maneira que uma pedra phoi jogada na direção de um outro alguém.

Anonymous said...

muuuuuuuuuuuuuu...
mt bom seu blog!
adorei msm
tem certeza q quer ser médico??
hueheuehueeheueheueheu
te doru mtão migo
bjOos
=***

Anonymous said...

realmente ter vivido o suficiente pra ter ido num show do nirvana teria sido perrrrrrrrrrrrrrrfeito!!!
ueehueheuehueheu
mais ainda me restão esperanças que apareçam coisas boas ainda!
quem sabe quanto tempo ainda vou acreditar nisso!
bjOos